Pedro Bala se joga n’água. Não pôde ficar no trapiche, entre os soluços e as lamentações. Quer acompanhar Dora, quer ir com ela [...]. Segue a rota do saveiro do Querido-de-Deus. [...] Nada até já não ter forças. Boia então, os olhos voltados para as estrelas e a grande lua amarela do céu. Que importa morrer quando se vai em busca da amada, quando o amor nos espera?
Que importa tampouco que os astrônomos afirmem que foi um cometa que passou sobre a Bahia naquela noite? O que Pedro Bala viu foi Dora feita estrela [...]. Uma estrela de longa cabeleira loira, uma estrela como nunca tivera nenhuma na noite de paz da Bahia.
A felicidade ilumina o rosto de Pedro Bala. Para ele veio também a paz da noite. Porque agora sabe que ela brilhará para ele entre mil estrelas no céu sem igual da cidade negra. O saveiro do Querido-de-Deus o recolhe.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
O trecho citado refere-se