Pelas características apresentadas – traços de expressionismo, preferência pelo “mau gosto”, pelo escarro poesia trabalhada, com linguagem cienticista-naturalista e, ao mesmo tempo, marcada pelo pessimismo, pela angústia e pela presença da morte e depois dela a desintegração e os vermes – o soneto abaixo filia-se ao simbolismo do poeta
O POETA DO HEDIONDO
Sofro aceleradíssimas pancadas
No coração. Ataca-me a existência
A mortificadora coalescência
Das desgraças humanas congregadas!
Em alucinatórias cavalgadas,
Eu sinto, então, sondando-me a consciência
A ultra-inquisitorial clarividência
De todas as neuronas acordadas!
Quanto me dói no cérebro esta sonda!
Ah! Certamente eu sou a mais hedionda
Generalização do Desconforto...
Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos do caminho
A poesia de tudo quanto é morto!