No Peru, Francisco de Toledo, vice-rei de 1569 a 1581, torna-se no Novo Mundo o campeão da luta contra a idolatria. Ele, os juristas e os teólogos consideram que os incas pecaram contra o verdadeiro Deus ao obrigarem as populações a adorar ídolos, fechando-lhes assim o caminho da salvação; além disso, a idolatria é um pecado contra a natureza, pois é acompanhada necessariamente de antropofagia, sacrifícios humanos, sodomia e bestialidade. Quanto às riquezas que os indígenas ofereciam às suas divindades, eram na realidade consagradas aos demônios; devem portanto pertencer ao rei da Espanha. Pois o verdadeiro Deus não pôde aceitar a “oferenda e o sacrifício da idolatria” –assim argumenta um turiferário de Toledo.
DELUMEAU, Jean. História do medo no ocidente 1300-1800: uma cidade sitiada. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 387.
De acordo com o texto, a visão apresentada por juristas e teólogos espanhóis na América, durante o século XVI,