Questão
Universidade Estadual Paulista - UNESP
2015
1ª Fase
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Poema de Catulo da Paixão Cearense (1863-1946).

     O Azulão e os tico-ticos
     Do começo ao fim do dia,
     um belo Azulão cantava,
     e o pomar que atento ouvia
     o seus trilos de harmonia,
05 cada vez mais se enflorava.
     
     Se um tico-tico e outras aves
     vaiavam sua canção...
     mais doce ainda se ouvia
      a flauta desse Azulão.

10 Um papagaio, surpreso
     de ver o grande desprezo,
     do Azulão, que os desprezava,
     um dia em que ele cantava
     e um bando de tico-ticos
15 numa algazarra o vaiava,
      lhe perguntou: “Azulão,
      olha, dize-me a razão
      por que, quando estás cantando
      e recebes uma vaia
20 desses garotos joviais,
      tu continuas gorgeando
      e cada vez canta mais?!”

      Numas volatas sonoras,
      o Azulão lhe respondeu:
25 “Caro Amigo! Eu prezo muito
       esta garganta sublime
       e esta voz maravilhosa...
       este dom que Deus me deu!

      Quando, há pouco, eu descantava,
30 pensando não ser ouvido
      nestes matos por ninguém,
      um Sabiá*, que me escutava,
      num capoeirão, escondido,
      gritou de lá: — meu colega,
35 bravos! Bravos... muito bem!

       Pergunto agora a você:
      quem foi um dia aplaudido
       pelo príncipe dos cantos
      de celestes harmonias,
40 (irmão de Gonçalves Dias,
       um dos cantores mais ricos...)
      — que caso pode fazer
       das vaias dos tico-ticos?”

* Nota do editor: Simbolicamente, Rui Barbosa está representado neste Sabiá, pois foi a “Águia de Haia” um dos maiores admiradores de Catulo e prefaciador do seu livro Poemas bravios.

(Poemas escolhidos, s/d.)

Se, nos versos 32 e 33, as palavras “Sabiá” e “capoeirão” fossem pronunciadas “sa-bi-á” e “ca-po-ei-rão”, tais versos quebrariam o padrão e o ritmo dos demais, pois passariam a ser
A
heptassílabos.
B
octossílabos.
C
eneassílabos.
D
hexassílabos.
E
decassílabos.