Questão
Universidade Estadual Paulista - UNESP
2014
1ª Fase
Poema-Raul-Leoni-18952377103850e
Poema de Raul de Leoni (1895-1926).

     A alma das cousas somos nós...

     Dentro do eterno giro universal
     Das cousas, tudo vai e volta à alma da gente,
     Mas, se nesse vaivém tudo parece igual
     Nada mais, na verdade,
05 Nunca mais se repete exatamente...

     Sim, as cousas são sempre as mesmas na corrente
     Que no-las leva e traz, num círculo fatal;
     O que varia é o espírito que as sente
     Que é imperceptivelmente desigual,
10 Que sempre as vive diferentemente,
      E, assim, a vida é sempre inédita, afinal...

     Estado de alma em fuga pelas horas,
     Tons esquivos e trêmulos, nuanças
     Suscetíveis, sutis, que fogem no Íris
15 Da sensibilidade furta-cor...
     E a nossa alma é a expressão fugitiva das cousas
     E a vida somos nós, que sempre somos outros!...
     Homem inquieto e vão que não repousas!
     Para e escuta:

20 Se as cousas têm espírito, nós somos
     Esse espírito efêmero das cousas,
     Volúvel e diverso,
     Variando, instante a instante, intimamente,
     E eternamente,
25 Dentro da indiferença do Universo!...

(Luz mediterrânea, 1965.)

Embora pareça constituído de versos livres modernistas, o poema em questão ainda segue a versificação medida, combinando versos de diferentes extensões, com predomínio dos de doze e dez sílabas métricas. Assinale a alternativa que indica, na primeira estrofe, pela ordem em que surgem, os versos de dez sílabas métricas, denominados decassílabos.
A
1 e 5.
B
3 e 4.
C
1, 2 e 3.
D
2 e 3.
E
1, 3 e 5.