Questão
Universidade Federal de Pelotas - UFPEL
2003
1ª Fase
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
Poema95118772e9
Poema de circunstância

Onde estão os meus verdes?
Os meus azuis?
O Arranha-Céu comeu!
E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros,
[nos tiranossauros,

Que mais sei eu…
Os verdadeiros monstros, os Papões, são eles, os
[arranha-céus!

Daqui
Do fundo
Das suas goelas,
Só vemos o céu, estreitamente, através de suas
[gargantas ressecas.

Para que lhes serviu beberem tanta luz?!
Defronte
À janela onde trabalho
Há uma grande árvore…
Enquanto há verde,
Pastai, pastai, olhos meus…
Uma grande árvore muito verde… Ah!
Todos os meus olhares são de adeus
Como o último olhar de um condenado!

QUINTANA, Mário. Apontamentos de História Sobrenatural. Porto Alegre:Globo e IEL, 1976.

Considerando o texto e seus conhecimentos, é correto afirmar que o poema expressa
A
um sentimento de amor à natureza, ao exaltar o verde em detrimento da cidade, idéia associada ao bucolismo dominante na poesia modernista, que, na busca da cor local e da identidade brasileira, colabora, sobretudo, para o golpe militar de 1964.
B
uma relação entre a figura do arranha-céu e a de um animal devorador, bem como a imagem do eu-lírico ligada à de um condenado que, apenas futuramente, sofrerá as conseqüências do desmatamento e do desequilíbrio ecológico causado por seus atos.
C
um descontentamento frente à urbanização brasileira (iniciada no período getulista), que é corroborado pela idéia de monstro associada aos arranha-céus e pelo uso de interrogações e interjeições no poema.
D
um sentimento de impotência frente ao desaparecimento dos espaços verdes nas grandes cidades, os quais cedem lugar a construções, no processo de urbanização, acentuado após 1960.
E
uma postura contemplativa do eu-lírico, que observa as mudanças de seu espaço natural com admiração, além de ressaltar o grande problema de "poluição ambiental", causado pela urbanização, o que está expresso na sua dificuldade de ver o céu.
F
I.R.