As Pombas
(Raimundo Correia)
Vai-se a primeira pomba despertada…
Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada.
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada.
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.
(Disponível em: https://www.revistabula.com/438-os-10-maiores-poemasbrasileiros-de-todos-os-tempos/ Acesso em 24 de junho de 2021)
O poema acima pertence ao Parnasianismo, um movimento estético profundamente preocupado com o rigor formal e com a beleza estética que um poema poderia propor. Diante disso, o principal recurso expressivo que ressalta no texto é