Quando Josip Broz Tito faleceu, em 1980, aos 87 anos, a Iugoslávia por ele montada em 1945 tinha uma existência real. As repúblicas que a constituíam eram unidades separadas dentro de um Estado federal cuja presidência incluía representantes das seis repúblicas e de duas regiões autônomas (Voivodina e Kosovo) da Sérvia. As regiões tinham passados bastante diversos. A Eslovênia e a Croácia, ao norte, eram basicamente católicas e tinham pertencido ao Império Austro-húngaro, assim como a Bósnia (embora esta por pouco tempo). A parte sul do país (Sérvia, Macedônia, Montenegro e Bósnia) estivera durante séculos sob o domínio turco-otomano, o que explica a presença de elevado número de muçulmanos, além dos sérvios, predominantemente ortodoxos. Mas tais disparidades históricas – embora autênticas e exacerbadas pela experiência da Segunda Guerra Mundial – haviam sido atenuadas nas décadas seguintes.
JUDT, Tony. Pós-guerra: uma história da Europa desde 1945. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p.659.
Entre 1991 e 1999, cinco grandes conflitos eclodiram entre as partes que constituíam a Iugoslávia, levando a sua fragmentação. Ao protelar um envolvimento mais decisivo na guerra da Iugoslávia, a Comunidade Europeia, a Organização das Nações Unidas e os Estados Unidos não impediram os massacres étnicos e religiosos que ocorreram em quase todos esses conflitos. Sobre as cinco guerras que levaram ao esfacelamento da Iugoslávia, é incorreto afirmar que