Questão
Simulado ENEM
2021
Fase Única
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Quando criança, fui ensinada que a população negra havia sido escrava e ponto, como se não tivesse existido uma vida anterior nas regiões de onde essas pessoas foram tiradas à força. Disseram-me que a população negra era passiva e que "aceitou" a escravidão sem resistência. Também me contaram que a princesa Isabel havia sido sua grande redentora. No entanto, essa era a história contada do ponto de vista dos vencedores, como diz Walter Benjamin. O que não me contaram é que o Quilombo dos Palmares, na serra da Barriga, em Alagoas, perdurou por mais de um século, e que se organizaram vários levantes como forma de resistência à escravidão, como a Revolta dos Malês e a Revolta da Chibata. Com o tempo, compreendi que a população negra havia sido escravizada, e não era escrava – palavra que denota que essa seria uma condição natural, ocultando que esse grupo foi colocado ali pela ação de outrem.

(RIBEIRO, Djamila. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das letras, 2019.)

Em seu livro Pequeno Manual Antirracista, Djamila Ribeiro inicia a discussão proposta por meio de um relato memorialista. Nele, autora discute como a linguagem escolhida para compor uma narrativa, seja ela ficcional ou não, pode ser utilizada como:
A
instrumento para capturar vencedores.
B
ferramenta de naturalização da barbárie.
C
método usado nos quilombos para manutenção da rebelião.
D
dispositivo da cultura negra em seus discursos.
E
acessório usado nos discursos para conferir rebuscamento.