Quanto ao legado do Teatro Oficina, parece exercer-se ele indiretamente, não tanto pela imitação de certos cacoetes de encenação, embora estes ainda persistam, como pela determinação de opor-se ao esquema empresarial, a que mesmo a dramaturgia política nem sempre escapa. É o teatro que se declara independente ou alternativo, firmando já nesses rótulos o intuito de se contrapor ao chamado teatrão em seu ponto central - o sistema de produção. Em vez do desmembramento de funções de qualquer empresa comercial bem-organizada, estes conjuntos propõem-se a criar coletivamente, durante os ensaios, ao sabor das improvisações de cada intérprete. Texto e espetáculo nascem assim lado a lado, produtos do mesmo impulso gerador, enunciando não experiências ou emoções alheias, mas vivências especificas do grupo. O encenador, em tal caso, é menos mestre que agente catalítico, nada impedindo que seja auxiliado por um escritor, desde que este renuncie a seus antigos privilégios, aceitando trabalhar em equipe e para a equipe.
(Décio de Almeida Prado. O teatro brasileiro moderno, p.129)
A descrição, que referencia o Teatro Oficina do encenador brasileiro José Celso Martinez Corrêa, representa uma forma de fazer teatro marcada pela