Que és terra, oh Homem, e em terra hás de tornar-te,
hoje te avisa Deus por sua Igreja:
de pó te faz o Espelho, em que se veja
a vil matéria de que quis formar-te.
Lembra-te Deus que és pó, para humilhar-te;
e como o teu Baixel¹ sempre fraqueja
nos Mares da vaidade, onde peleja,
te põe à vista a terra onde salvar-te.
Alerta, alerta, pois o vento berra;
e se sopra a vaidade, e incha o pano²,
na proa a terra tens, amaina, ferra³.
Todo o Lenho mortal, Baixel humano,
se busca a Salvação, tome hoje terra;
que a Terra de hoje é Porto soberano.
(Sérgio Buarque de Holanda (org.). Antologia dos poetas brasileiros da fase colonial, 1979.)
¹ baixel: barco de grande porte.
² pano: vela.
³ ferrar: colher a vela (baixar, guardar o pano do barco).
Empregando, no lugar da segunda pessoa (tu), a terceira pessoa (ele), o trecho “Lembra-te Deus que és pó, para humilhar-te” deve ser reescrito, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, da seguinte maneira: