RETRATO
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios
Nem o lábio amargo
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil
— Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles: Poesia. Por Darcy Damasceno. Rio de Janeiro, Agir, 1974. p. 19-20.
Nos versos 1 e 5, o eu lírico, ao dizer que “Eu não tinha este rosto de hoje/ Eu não tinha estas mãos sem força” com características do momento presente, faz pressupor que