Retirado da peça O Juiz de Paz da Roça, de Martins Pena, o trecho que apresenta, em linguagem coloquial, uma sátira ao teatro da época é:
Questão
Universidade Federal do Pará - UFPA
2009
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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A
Maria Rosa − Teu pai tarda muito.
Aninha − Ele disse que tinha hoje muito que fazer.
Maria Rosa − Pobre homem! Mata-se com tanto trabalho! É quase meio-dia e ainda não voltou. [...]
Aninha − Meu pai quando principia um trabalho não gosta de o largar, e minha mãe sabe bem que ele tem só a Agostinho.
B
Juiz − Agora que estamos com a pança cheia, vamos trabalhar um pouco. (Assentam-se à mesa.)
Escrivão − Vossa Senhoria vai amanhã à cidade?
Juiz − Vou, sim. Quero-me aconselhar com um letrado para saber como hei-de despachar alguns requerimentos que cá tenho.
Escrivão − Pois Vossa Senhoria não sabe despachar?
C
Juiz − Oh, uma rebelião? Sr. Escrivão, mande convocar a Guarda Nacional e oficie ao Governo.
Manuel João − Vossa Senhoria não se aflija, este homem está casado.
Juiz − Casado?!
Manuel João − Sim senhor, e com minha filha.
Juiz − Ah, então não é rebelião... [...]
D
Manuel João − Adeus, rapariga. Aonde está tua mãe?
Aninha − Está lá dentro preparando a jacuba.
Manuel João − Vai dizer que traga, pois estou com muito calor.
(Aninha sai. M. João, para o negro:) Olá, Agostinho, leva estas enxadas lá para dentro e vai botar este café no sol. [...] Estou que não posso comigo; tenho trabalhado como um burro!
E
José − Representa-se todas as noites. Pois uma mágica... [...]
Aninha − O que é mágica?
José − Mágica é uma peça de muito maquinismo.
Aninha − Maquinismo?
José − Sim, maquinismo. Eu te explico. Uma árvore se vira em uma barraca; paus viram-se em cobras, um homem vira-se em macaco.
Aninha − Em macaco! Coitado do homem!
José − Mas não é de verdade.