Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles MEIRELES, C. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.
Em relação à poesia “Retrato” de Cecília Meireles, considere as afirmações abaixo:
I. - O primeiro verso “Eu não tinha este rosto de hoje”, o pronome demonstrativo intensifica a volta ao passado.
II. - O segundo verso da 1ª estrofe dá um ritmo lento sugerindo que a passagem do tempo fosse quase imperceptível para o eu-lírico.
III. - Na segunda estrofe, “eu não tinha este coração/que nem se mostra”, a palavra coração está empregada como uma elipse para sentimentos.
IV. - A terceira estrofe traz a transitoriedade ressaltada na repetição da palavra “tão”, mostrando a certeza da evolução e a passagem da vida.
V. - A autora aborda o tema da passagem da vida e da sua transitoriedade de maneira filosófica, particular e simples.
É verdadeiro apenas o que se afirma em: