Romance LXXVI ou do ouro fala
Ouro Fala.
Ouro vem à flor da terra,
Dona Bárbara Heliodora!
Como as rainhas e as santas,
sois toda de ouro, Senhora!
Ouro Fala.
Sois mais que a do Norte estrela
e que o diadema da Aurora!
Ouro Fala.
Trezentos negros nas catas,
mal a manhã principia.
Grossas mãos entre o cascalho,
pela enxurrada sombria.
Ouro Fala.
Mirai nos altos espelhos
vossa clara fidalguia!
Ouro Fala.
Sob altivos candelabros,
cintilais como criatura
a quem devia ser dado
o gosto só da ventura
Ouro Fala.
(Laços de ouro nas orelhas,
no pescoço e na cintura.) (...)
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015 (p. 213).
O poema evidencia principalmente