A SECRETÁRIA (É uma moça, longa, de óculos e tranças enormes e loiras. Veste-se pudicamente. Traz lápis e block-notes na mão.) -- É para bater à máquina, Seu Abelardo?
ABELARDO I -- Não. Para estenografar. Nem isso. A senhora sabe redigir. Melhor do que eu. Faça uma carta. Sente-se aí. (Sentam-se perto um do outro.) Dona Aída... Aída loira...Aída de Wagner. Como é? Não precisa de um Radamés?
A SECRETÁRIA -- Preciso que o senhor melhore meu ordenado. O custo da vida aumentou no Brasil de 30%.
ANDRADE, Oswald de. O rei da vela. Uma leitura do teatro de Oswald por Haroldo de Campos. 8.ª ed. São Paulo: Editora Globo, 1990, p. 48.
(Obras completas de Oswald de Andrade)
Na sequência do fragmento acima,