(SOMATÓRIA)
Com base no texto a seguir e na produção poética de Gonçalves Dias, assinale o que for correto.
O canto do guerreiro
I
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra lidar.
─ Ouvi-me, Guerreiros.
─ Ouvi meu cantar.
II
Valente na guerra
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
─ Guerreiros, ouvi-me;
─ Quem há, como eu sou?
[...]
V
Na caça ou na lide,
Quem há que me afronte?!
A onça raivosa
Meus passos conhece,
O imigo estremece,
E a ave medrosa
Se esconde no céu.
─ Quem há mais valente,
─ Mais destro do que eu?
VI
Se as matas estrujo
Co’ os sons do boré,
Mil arcos se encurvam,
Mil setas lá voam,
Mil gritos reboam.
Mil homens de pé
Eis surgem, respondem
Aos sons do boré!
─ Quem é mais valente,
─ Mais forte quem é?
[...]
DIAS, G. Melhores poemas. Seleção de José Carlos Garbuglio. 7 ed. São Paulo: Global. 2001. p. 19-20.
VOCABULÁRIO:
lidar: lutar em batalha.
tacape: arma indígena de ataque, clava.
lide: trabalho penoso, labuta, luta, combate.
imigo: inimigo.
dextro: que usa preferencialmente a mão direita.
estrujo: estrugir; soar ou vibrar fortemente, estrondear, retumbar.
boré: etimologia tupi; ‘espécie de flauta indígena’.
01) Escrito em forma de soneto, o poema exalta a pátria ao mesmo tempo em que enaltece o exército defensor dela e, em particular, o cavaleiro medieval, como afirma o verso “Valente na guerra”.
02) O autor emprega recursos da expressão poética, tais como anáforas (“Quem há”; “Quem vibra”), hipérbatos (“Mais forte quem é?”; “A onça raivosa/Meus passos conhece”; “Quem golpes daria”), hipérboles (“Mil arcos se encurvam”; “Mil gritos reboam.”), assonâncias (“Façanhas de bravos”).
04) O poema pertence à primeira fase do Romantismo brasileiro, da qual Gonçalves Dias é um dos grandes representantes. Com versos melódicos estruturados em redondilhas menores e uma linguagem simples e acessível, explora marcas nacionalistas e indianistas.
08) Lembrando a filosofia do “bom selvagem”, de Jean-Jacques Rousseau, que consistia em afirmar que o ser humano nasce naturalmente bom, mas é corrompido pela civilização, o índio representado nos poemas de Gonçalves Dias é ingênuo, puro, corajoso, valente, fiel, nobre, honrado, heroicizado.
16) A natureza funciona apenas como cenário para o desenvolvimento das batalhas travadas pelos heróis nacionais. O poeta, cujo pseudônimo literário é Boré, explora o bucolismo em que a tranquilidade e a harmonia são contrapostas ao dinamismo urbano. A vida simples é exaltada como estado ideal.