(SOMATÓRIA)
Consumo também é ato político
Diz o "Houaiss" que o capitão Charles C. Boycott (1832-1897), um rico proprietário irlandês, no outono de 1880, recusando-se a baixar o preço que cobrava pelo arrendamento de suas terras, foi vítima de represália, tendo os agricultores da época se articulado para não negociar com ele. Daí a palavra "boycott" e, em português, boicote.
Quase 130 anos depois, o termo em inglês ganhou uma espécie de antônimo, o "buycott". Numa livre tradução seria a compra orientada de produtos.
A partir disso, a pesquisadora Michele Micheletti, da Karlstad University, na Suécia, defende que o ato de consumo pode se transformar em ativismo político, pois, segundo ela, a falta de uma regulamentação global transferiu para os consumidores parte da responsabilidade sobre o mercado. Por meio de "boycotts" e de "buycotts", é possível aos consumidores forçar mudanças no sistema produtivo e colaborar, utilizando o seu poder de compra, a fim de atenuar problemas como a exploração da mão de obra, o desrespeito ambiental e os desvios éticos e políticos de grandes empresas.
O "buycotter" é o consumidor politizado, informado, responsável. Micheletti cita estudos que mostram que, na Suécia, o percentual de cidadãos que se envolveu em algum tipo de "consumo politizado" nos 12 meses anteriores à pesquisa era de 50%. No Brasil, não chegava a 7%. A pesquisadora concluiu que o resultado está vinculado ao nível de informação e aos recursos disponíveis dos consumidores. "É um movimento basicamente da classe média", afirma.
Adaptado de: https://br.noticias.yahoo.com/blogs/plinio-fraga/consumo-tambem-e-ato-politico-130126426.html. Acesso em 30/03/2015.
Com relação ao conteúdo do texto, assinale o que for correto.
01) Michele Micheletti realizou estudos a partir dos quais a Suécia apresentou envolvimento de 50% dos cidadãos com algum tipo de "consumo politizado", nos doze meses anteriores à pesquisa, enquanto, no Brasil, o número não chegou a 7%.
02) O texto parte da origem da palavra boicote para então apresentar a relação entre os termos do inglês "boycotts" e "buycotts", sendo que o primeiro é o mais recente e pode ser traduzido como "compra orientada de produtos".
04) O texto defende que comprar também pode ser um ato político em razão do poder de escolha do consumidor, pois, se estiver bem informado, pode rejeitar produtos que não tenham recebido um tratamento ético durante todo o processo de produção.
08) A exploração da mão de obra, o desrespeito ambiental e os desvios éticos e políticos de grandes empresas são problemas sobre os quais o consumidor, em parte, também tem responsabilidade, segundo a pesquisadora Michele Micheletti, pela falta de uma regulamentação global.