SOMATÓRIA
“Entre mosquitos e árvores mornas de umidade, entre as folhas ricas do verde mais preguiçoso, Marcel Petre defrontou-se com uma mulher de quarenta e cinco centímetros, madura, negra, calada. ‘Escura como um macaco’, informaria ele à imprensa, e que vivia no topo de uma árvore com seu concubino. Nos tépidos humores silvestres, que arredondam cedo as frutas e lhes dão uma quase intolerável doçura ao paladar, ela estava grávida. Ali em pé, estava, portanto, a menor mulher do mundo. Por um instante, no zumbido do calor, foi como se o francês tivesse inesperadamente chegado à conclusão última. Na certa, apenas por não ser louco, é que sua alma não desvairou nem perdeu os limites. Sentindo necessidade imediata de ordem, e dar nome ao que existe, apelidou-a de Pequena Flor. E, para conseguir classificá-la entre as realidades reconhecíveis, logo passou a recolher dados a seu respeito” (LISPECTOR, C. “A menor mulher do mundo”, Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. XXXX).
A partir da leitura do texto de Clarice Lispector à luz da teoria antropológica sobre as culturas humanas, é correto afirmar que
01) membros de culturas diferentes podem atribuir significados distintos aos mesmos eventos.
02) os membros de um determinado grupo humano podem negar a existência de cultura em outro grupo humano, baseando-se em ideias e em valores etnocêntricos.
04) as culturas humanas são distintas e plurais em relação aos significados que atribuem a si mesmas, à natureza e a outras culturas.
08) toda e qualquer cultura humana estabelece relações padronizadas com a natureza, dado que é dela que irão obter o que é necessário para a sobrevivência de seus membros.
16) os conflitos entre culturas distintas decorrem de disputas por bens e por recursos.