(SOMATÓRIA)
O MASSACRE DE SUZANO CONTADO PELA TELEVISÃO (Maura Martins)
A cobertura de grandes tragédias configura a “nata” do jornalismo de televisão, uma vez que é nesse tipo de ocasião (eventos inesperados, de grande impacto social, carregados do sentido de urgência) que a TV mostra sua maior habilidade: a de informar ao vivo, em primeira mão, suprindo as primeiras necessidades de respostas que serão futuramente desdobradas, de forma mais completa, por outros veículos. A transmissão direta [...] é uma espécie de fetiche irresistível à televisão, pois só assim ela consegue expressar sua verdadeira vocação: a de parecer trazer o mundo à tela no exato momento em que os fatos acontecem.
Isto posto, talvez seja possível dizer que é neste tipo de notícia (as tragédias ao vivo) que ainda se assenta a importância da cobertura televisiva. No já longínquo 11 de setembro de 2001, as pessoas ligaram imediatamente suas TVs para poderem acreditar que os prédios haviam caído em Nova York; dezoito anos depois, os brasileiros também correram para o aparelho no intuito de saber alguma coisa sobre um massacre ocorrido no interior de São Paulo, mais especificamente em Suzano, quando adolescentes e adultos foram brutalmente feridos e assassinados dentro do Colégio Estadual Raul Brasil. E, é claro, as emissoras todas tiveram que mandar suas equipes para reportar, in loco e ao vivo, aquilo que parece fugir de todo tipo de compreensão.
[...] A cobertura do massacre de Suzano [...] tem sido comentadíssima (ousaria dizer que a cobertura do fato parece tão ou mais comentada que o fato em si). Boas análises já apontaram que os excessos talvez sejam mais lembrados do que os acertos, por razões óbvias. Os piores erros – especialmente o do repórter [...] que, desprovido de qualquer senso de ética, entrevista a mãe de um dos assassinos e a força a dar uma resposta em que assuma culpa – foram prontamente execrados pela opinião pública, que denunciou, sem titubear, que se trata de mau jornalismo feito pela emissora. Isto é, sem dúvida, um ponto muito positivo.
De modo geral, a cobertura feita até o momento me pareceu equilibrada dentro daquilo que é esperado: bom senso nos telejornais tidos como padrão, que paralisaram suas atividades naquele dia para relatar os desdobramentos do fato, e muito sensacionalismo dos programas policiais [...], que exibiram imagens violentas sem pudor.
O mais urgente, no entanto, é lidar com a pergunta para a qual ninguém parece ter resposta: qual o efeito de noticiar nacionalmente tais tragédias que, de alguma maneira, foram orquestradas justamente para que chegassem às mídias?
Adaptado de: www.aescotilha.com.br/cinema-tv/canal-zero/o-massacre-de- suzano-contado-pela-televisao. Acesso em:21/03/2019.
Sobre o texto da jornalista e professora Maura Martins, assinale o que for correto.
01) A partir do contexto em que foi empregada no texto é possível deduzir que a expressão latina “in loco” significa “no local”.
02) Ao comparar os acontecimentos recentes em Suzano com o ataque terrorista que aconteceu em Nova York, em 2001, o objetivo da autora, ao alinhar dois fatos reconhecidamente trágicos e amplamente cobertos pelos meios de comunicação, é estabelecer a importância da mídia televisiva.
04) Para Maura Martins, é nos momentos em que acontecem tragédias que a mídia televisiva consegue demonstrar sua principal função.
08) Para a autora do texto, a principal característica que destaca a televisão de outras mídias é sua capacidade de expor os fatos nas telas no mesmo momento em que eles acontecem.
16) Embora a televisão tenha tido um papel de destaque entre as mídias que cobriram a tragédia ocorrida em Suzano, a autora do texto destaca que os desdobramentos dos fatos somente foram mais profundamente analisados pelas redes sociais.