(SOMATÓRIA)
Sobre a obra Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, assinale o que for correto.
Ato I
(Barraco de Romana. Mesa ao centro. Um pequeno fogareiro, cômoda, caixotes servem de bancos. Há apenas uma cadeira. Dois colchões onde dormem Chiquinho e Tião.)
MARIA (falando baixo, entre risos) – Pronto, lá se foi o sapato...
Enterrei o pé na lama...
TIÃO – Olha só como tá meu linho! (Passa a mão pela roupa, risonho.
Para fora) Ei Juvêncio! Tocando na chuva estraga a viola!
(Pausa. O violão afasta-se.) É um maluco... tocando na chuva.
MARIA – Fala baixo, tu acorda o pessoá!
TIÃO – Acorda não.
[...]
GUARNIERI, G. Eles não usam black-tie. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2010, p. 17.
01) Em relação ao gênero dramático ao qual pertence a obra, os trechos em itálico são classificados como rubricas, importante estratégia textual para orientar os atores/leitores, devido à ausência da figura de um narrador. Outro recurso estrutural para suprir essa ausência é o diálogo entre as personagens, por meio do discurso direto.
02) A temática social é central na obra em questão. O retrato da opressão da classe operária se personifica nas atitudes de Bráulio, ex-operário, que, após se tornar chefe da fábrica, contribui para que a exploração dos trabalhadores aumente ainda mais, motivo que deflagrará uma greve geral.
04) Em meio a perseguições, agressões e prisões, apenas dois personagens pobres acabam se beneficiando com a greve. Tião, por não aderir a ela, é promovido, e Juvêncio, violeiro desempregado que, mesmo em condições precárias, acaba sendo contratado devido a algumas demissões de grevistas.
08) A pequena quantidade e a simplicidade dos objetos que constituem a cena citada são importantes tanto para a caracterização da realidade social vivenciada pelas personagens, quanto para a adequação funcional na montagem da peça, projetada com estratégias do teatro popular.
16) A obra retrata, de modo incisivo, os desmandos dos patrões e a precária realidade social à qual é submetida a classe trabalhadora. Para essa discussão, a peça estrutura-se em três atos intitulados: “o suor”; “a classe operária”; “à luta”.