Sobre as obras literárias mencionadas abaixo, assinale o que for correto.

01) A obra O Cortiço integra a escola Naturalista, vertente extrema do Realismo que ocupa-se em retratar os seres humanos em sua face mais animal: “Não era a inteligência nem a razão o que lhe apontava o perigo, mas o instinto, o faro sutil e desconfiado de toda a fêmea pelas outras, quando sente o seu ninho exposto” (AZEVEDO, 2014, p. 73). Escrito em uma linguagem crua, o texto retrata situações chocantes como agressões, traição, prostituição e até mesmo violência sexual de forma natural. Devido ao realismo extremo das descrições, não é possível detectar na obra de Aluísio de Azevedo a utilização de metáforas e eufemismos, figuras de linguagem, comumente utilizadas em textos literários como recurso linguístico de atenuação.

02) A originalidade de Castro Alves permitiu que o escritor explorasse diversas temáticas em sua produção poética. A seleção efetuada para Melhores Poemas possibilita que o leitor contemple a versatilidade do poeta que produzia a partir de diferentes temas. Um exemplo de que o autor vai muito além da temática abolicionista, pela qual é reconhecido, é o poema “O livro e a América”, em que discorre sobre a importância dos livros e da literatura: “Oh! Bendito o que semeia / Livros... livros à mão cheia... / E manda o povo pensar! / O livro caindo n’alma / É germe –que faz a palma, / É chuva –que faz o mar” (ALVES, 2012).

04) Conhecido como o poeta dos escravos, Castro Alves dedicou praticamente toda a sua produção literária à causa abolicionista, sendo extremamente raros os textos do autor que abordam outros assuntos. Melhores Poemas retrata fielmente essa característica marcante de Castro Alves pois a obra é composta integralmente por poemas que versam sobre a escravidão, como Saudação a Palmares: “Palmares! A ti meu grito! / A ti barca de granito, / Que no soçobro infinito / Abriste a vela ao trovão. / E provocaste a rajada, / Solta a flâmula agitada / Aos uivos da marujada / Nas ondas da escravidão!” (ALVES, 2012).

08) Pode-se dizer que O Cortiço(1890),de Aluísio Azevedo, segue uma lógica determinista ao retratar situações em que o meio tem grande influência sobre os indivíduos. É possível detectar esse determinismo em diversos pontos do enredo, mas talvez o desfecho de Jerônimo seja o que evidencia essa tendência de forma mais clara. Caracterizado desde o início como sério, honesto e trabalhador, ao final da obra o personagem apresenta-se totalmente corrompido: “O português abrasileirou-se para sempre; fez-se preguiçoso, amigo das extravagâncias e dos abusos, luxurioso e ciumento; fora-se-lhe de vez o espírito da economia e da ordem; perdeu a esperança de enriquecer, e deu-se todo, todo inteiro, à felicidade de possuir a mulata e ser possuído só por ela, e mais ninguém” (AZEVEDO, 2014, p. 187).