Questão
Universidade Estadual de Maringá - UEM
2010
Fase Única
SOMATORIAAssinale-que542e99954b7
Discursiva
SOMATÓRIA

Assinale o que for correto sobre o excerto abaixo de um poema de Gonçalves Dias.

O mar

Oceano terrível, mar imenso
De vagas procelosas que se enrolam
Floridas rebentando em branca espuma
 Num pólo e noutro pólo.
Enfim... enfim te vejo; enfim meus olhos
Na indômita cerviz trêmulos cravo,
E esse rugido teu sanhudo e forte
 Enfim medroso escuto!
(...)

DIAS, Gonçalves. Melhores poemas. 7. ed. São Paulo: Global, 1991, p. 48.

Vocabulário

Procelosas: águas agitadas por tempestade, tormentosas. Indômita: indomada, brava.

Cerviz: região posterior do pescoço, nuca. Copa ou topo de uma árvore. Ponto ou parte mais alta de um monte.

Sanhudo: que provoca medo, temível, terrível.

01) O eu lírico compara o mar a uma fera amedrontadora porque, para os românticos, a natureza deveria ser aprazível e adornada. O mar, uma vez que não oferece a serenidade dos lagos (cenário preferido dos românticos), é um ser terrível e raivoso que, como tal, deve ser evitado.

02) Diante do mar, o eu lírico experimenta o medo. O medo, assim como outros sentimentos negativos (a tristeza e a dor, por exemplo), não são comuns aos poemas românticos, pois os poetas, descontentes com o estado de coisas à sua volta, entendem o poema apenas como instrumento para expressar a felicidade.

04) No fragmento “... meus olhos/ Na indômita cerviz trêmulos cravo” (versos 5 e 6), há um hipérbato. Em ordem sintática convencional, a ideia expressa no hipérbato pode assim ser escrita: “cravo meus olhos trêmulos na cerviz indômita”.

08) No fragmento “... esse rugido teu sanhudo e forte”, o poeta fala ao mar e descreve o rugido dele. A aproximação entre seres pertencentes a universos semânticos diferentes como o “mar” e uma “fera”, de forma a resultar em uma imagem original, é um procedimento estilístico definido como “metáfora”.

16) Os versos 1, 2, 3 e 5, 6, 7 são alexandrinos; os versos 4 e 8 são redondilha menor. O apuro na métrica é uma das preocupações estéticas dos escritores românticos, que valorizavam as regras de composição como medida para disciplinar os excessos da emoção.