Questão
Universidade Estadual de Maringá - UEM
2013
Fase Única
SOMATORIAAssinale-que725f66af879
Discursiva
SOMATÓRIA

Assinale o que for correto em relação ao soneto LXXII e ao seu autor, Cláudio Manuel da Costa.

LXXII

Já rompe, Nise, a matutina aurora
O negro manto, com que a noite escura,
Sufocando do Sol a face pura,
Tinha escondido a chama brilhadora.

Que alegre, que suave, que sonora,
Aquela fontezinha aqui murmura!
E nestes campos cheios de verdura
Que avultado prazer tanto melhora!

Só minha alma em fatal melancolia,
Por te não poder ver, Nise adorada,
Não sabe inda, que coisa é alegria;

E a suavidade do prazer trocada,
Tanto mais aborrece a luz do dia,
Quanto a sombra da noite mais lhe agrada.

(COSTA, Cláudio Manuel da. Melhores poemas. Seleção de Francisco Iglésias. São Paulo: Global, 2000, p. 101.)

01) A publicação das Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, em 1768, marca o início da estética árcade no Brasil. Os sonetos do poeta, produzidos com o disfarce poético de Glauceste Satúrnio, colocam-se entre os mais belos da literatura brasileira. Apresentam cenários compostos predominantemente pela natureza – vales, montanhas e prados –, nos quais se destaca a presença frequente de Nise.

02) Os versos “Que alegre, que suave, que sonora,/ Aquela fontezinha aqui murmura!/ E nestes campos cheios de verdura/ Que avultado prazer tanto melhora!” revelam a forte presença do bucolismo, característica presente nos poemas árcades, a qual consistia em tomar como tema literário a vida dos campos e dos pastores, considerando a simplicidade campestre, responsável pela harmonia do universo. 

04) Os versos “O negro manto, com que a noite escura/ Sufocando do Sol a face pura/ Tinha escondido a chama brilhadora” confirmam a existência de contradições entre valores espirituais e terrenos na poesia árcade, bem como a tendência a conciliar jogo de palavras (cultismo) e jogo de ideias (conceptismo).

08) A presença de elementos da natureza – “aurora”, “noite escura”, “sol”, “fontezinha”, “campos cheios de verdura” – confirma a emoção violenta por que passa o eu poético, que se deixa levar exclusivamente pelos sentimentos em relação à pátria, pelo ufanismo nacionalista, aspecto marcante da poesia árcade.

16) O poema de Cláudio Manuel da Costa apresenta forma fixa, com dois quartetos e dois tercetos, ou seja, um soneto. Nos dois primeiros quartetos, o eu poético dirige-se à amada, referindo-se à natureza como o locus amoenus, o lugar ameno, onde se encontra a paz para o amor; nos dois tercetos, observa-se uma contraposição entre aquele lugar agradável e a alma melancólica do poeta, por não poder ver Nise.