Assinale o que for correto.

01) Monteiro Lobato, além da saga das personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo, produziu extensa obra para adultos, com destaque para seus livros de contos – Urupês, Cidades Mortas e Negrinha – cuja ambientação recorrente são as cidades decadentes do interior paulista. Em contos que compõem essas obras, o escritor aponta, com ironia e irreverência, as misérias do espaço distante das grandes cidades, apresenta os atrasos econômico e cultural da população sertaneja, criticando, assim, o desamparo em que vivia o homem do campo.

02) No livro Negrinha, Monteiro Lobato denuncia o atraso da sociedade brasileira, pois acreditava que todos mereciam condições dignas de vida, não apenas os mais afortunados. Nos contos que constituem a obra, ressaltam-se personagens simples e humildes, como Aldrovando, de “O colocador de pronomes”; Timóteo, de “O jardineiro Timóteo”; Negrinha, de “Negrinha”; Téofrasto, de “O bom marido”, entre tantas outras que ilustram a veia crítica do escritor.

04) Em “Negrinha”, conto que dá título à coletânea, o narrador, em primeira pessoa (“Negrinha olhou para os lados, ressabiada, com o coração aos pinotes. Que ventura, santo Deus! Seria possível? Depois pegou a boneca”), faz um retrato elogioso da sociedade, apontando o traço benemérito de Dona Inácia: “Excelente senhora, a patroa”; “Ótima, a dona Inácia”. Na história, embora a menina seja filha de escravos, é criada no interior da casa da senhora, junto com as crianças da família.

08) Aldrovando Cantagalo, personagem do conto “O colocador de pronomes”, “veio ao mundo em virtude de um erro de gramática. [...]. E morreu, afinal, vítima dum novo erro de gramática”. No primeiro caso, o pai escreveu um bilhete à mulher amada – “Anjo adorado! Amo-lhe” – e o sogro muito esperto casou-o com Maria do Carmo, a filha encalhada, e não com Laurinha, a quem Aldrovando pretendia desposar. Quanto à morte, ocorreu em razão do erro na dedicatória do livro, cometido pelo tipógrafo, que, julgando incorreta a construção proposta pelo autor, imprimiu: “daquele que sabe-me as dores”. O conto revela a veia satírica do escritor, que critica a linguagem conservadora e purista da época.

16) O conto “Bugio moqueado”, cuja novidade é a adequação entre assunto e estrutura, apresenta uma organização narrativa inovadora para os padrões literários da época em que foi escrito, semelhante aos “causos”, histórias narradas pelos interioranos ao pé das fogueiras. A história é construída com sobreposição de dois planos narrativos – o plano do jogo da pelota, pela voz do narrador e o plano da história do bugio moqueado, relatada por um dos assistentes da partida. Neste plano é narrada uma história de paixão e crime, na qual, Leandro é morto e sua carne, moqueada, é servida todos os dias à pretensa amante.