SOMATÓRIA
Leia o poema de João Cabral de Melo Neto e assinale o que for correto.
O relógio
Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.
Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quebradiço da forma.
Umas vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.
Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;
e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade
que continua cantando
se deixa de ouvi-lo a gente:
como a gente às vezes canta
para sentir-se existente. (...)
(João Cabral de Melo Neto. Melhores poemas)
01) No poema, as “caixas de vidro”, sejam entendidas como “jaula”, sejam como “gaiolas”, referem-se a “relógio”.
02) Na quarta estrofe, o eu lírico descreve a aflição de um pássaro que vê a liberdade fora de seu alcance, pois está preso numa gaiola.
04) As palavras “jaula” e “gaiolas” têm afinidades semânticas entre si, mas não possuem, no contexto, o mesmo significado que tem a palavra “relógio”. No poema, o relógio é a “caixa de vidro” a ser exibida nas paredes ou no pulso, ou seja, está ligado à vaidade.
08) A objetividade e a ausência de sentimentalismo caracterizam o poema. No trecho transcrito, o eu lírico reflete sobre alguns objetos na “vida do homem” sem se derramar em emoção, em subjetividade.
16) A música que “a gente às vezes canta” (última estrofe) refere-se às atividades de lazer e recreação que permitem às pessoas interagir animicamente com a Natureza.