SOMATÓRIA
Leia o poema a seguir e assinale o que for correto.
XLI
Injusto Amor, se de teu jugo isento
Eu vira respirar a liberdade,
Se eu pudesse da tua divindade
Cantar um dia alegre o vencimento;
Não lograras, Amor, que o meu tormento,
Vítima ardesse a tanta crueldade;
Nem se cobrira o campo da vaidade
Desses troféus, que paga o rendimento:
Mas se fugir não pude ao golpe ativo,
Buscando por meu gosto tanto estrago,
Por que te encontro, Amor, tão vingativo?
Se um tal despojo a teus altares trago,
Siga a quem te despreza, o raio esquivo;
Alente a quem te busca, o doce afago.
COSTA, C. M. Melhores poemas. São Paulo: Global, 2000.
01) O tema do poema são os sofrimentos que o “Amor” causa. Ao longo dos versos, o “Amor” é invocado várias vezes. O “eu lírico” estabelece o “Amor” (que é também o causador de seus males) como seu intelocutor.
02) O “Amor”, escrito com letra inicial maiúscula, refere-se à ideia do amor, ao sentimento do amor, não sendo possível apontar por quem o eu lírico sofre. A palavra “Amor” aparece personificada.
04) O amor no Arcadismo é fonte de prazer, sempre tranquilo e não passional. O eu lírico apresenta-se feliz, exalta o Amor como fonte de prazeres e vê no amor a justiça da vida.
08) O eu lírico, não resistindo ao “golpe ativo”, busca por vontade própria o amor que agora lhe causa tanta dor, tanto “estrago”, levando-o a refletir e a não compreender o motivo de o “Amor” se mostrar tão “vingativo”.
16) Os pares antitéticos “busca” x “despreza” e “vingativo” x “afago” comprovam que a poesia de Cláudio Manuel daCosta ainda se prende aos ditames da poesia modernista, mostrando as contradições do homem frente ao divino e ao terreno.