Questão
Universidade Estadual de Maringá - UEM
2011
Fase Única
SOMATORIALeia708a2800d8d
Discursiva
SOMATÓRIA

Leia atentamente o fragmento abaixo e, a seguir, assinale a(s) alternativas correta(s).

Como eu te amo

(...)
Assim eu te amo, assim; mais do que podem
Dizer-te os lábios meus, - mais do que vale
Cantar a voz do trovador cansada:
O que é belo, o que é justo, santo e grande
Amo em ti. - Por tudo quanto sofro,
Por quanto já sofri, por quanto ainda
Me resta de sofrer, por tudo eu te amo.
O que espero, cobiço, almejo, ou temo
De ti, só de ti pende: oh! nunca saibas
Com quanto amor eu te amo, e de que fonte
Tão terna, quanta amarga o vou nutrindo!
Esta oculta paixão, que mal suspeitas,
Que não vês, não supões, nem te eu revelo,
Só pode no silêncio achar consolo,
Na dor aumento, intérprete nas lágrimas.

(DIAS, G.. Poesia e prosa completas. Organização Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006)

01) Gonçalves Dias é considerado pela crítica um poeta culto, porque traduz os seus sentimentos através de tropos e figuras de palavras. Confirma-se essa ideia nos versos: “Com quanto amor eu te amo, e de que fonte/ Tão terna, quanta amarga o vou nutrindo!”.

02) Gonçalves Dias representa a poesia romântica brasileira, em sua fase indianista. Compôs também poemas líricos de caráter ultra-romântico, ao apresentar o amor como um sentimento idealizado, tal como nos versos: “Assim eu te amo, assim; mais do que podem/ Dizer-te os lábios meus”.

04) O fragmento em questão compõe-se de versos octossílabos graves: “Esta oculta paixão, que mal suspeitas,/ Que não vês, não supões, nem te eu revelo”. As rimas internas são alternadas e emparelhadas: vale/grande; sofro/amo/temo.

08) No fragmento em questão, evidencia-se uma das mais importantes características do movimento romântico - a subjetividade, configurada na exaltação do amor como o mais sublime dos sentimentos, capacitando o homem a manter o coração apaixonado e a valorizar no ser amado a beleza, a justiça e a pureza de sentimentos: “Assim eu te amo, assim (...) O que é belo, o que é justo, santo e grande/ Amo em ti”. 

16) O fragmento em questão apresenta um sentimento exacerbado, uma ternura ímpar, que encontra no silêncio o consolo da dor da separação ou da indiferença do ser amado: “... de que fonte/ Tão terna, quanto amarga o vou nutrindo!/ Esta oculta paixão (...) Só pode no silêncio achar consolo”. Essa interpretação do amor como fuga da realidade foi uma das mais significativas influências do romantismo europeu na poesia brasileira.