SOMATÓRIA
Sobre Augusto dos Anjos e sua obra, assinale o que for correto.
01) Em seus poemas, o eu poético interroga constantemente o mistério da existência e o modo como os seres se colocam no mundo, conforme podemos observar nos versos de “Soneto”: “Que poder embriológico fatal/ Destruiu, com a sinergia de um gigante,/ Em tua morfogênese de infante/ A minha morfogênese ancestral?!” (Eu e outras poesias, São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 41).
02) Os versos “Vem da psicogenética e alta luta/ Do feixe de moléculas nervosas,/ Que, em desintegrações maravilhosas,/ Delibera, e depois, quer e executa!”, do soneto “A ideia” (Eu e outras poesias, São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 39), que respondem à questão inicial do poema – “De onde ela vem?” –, confirmam a intenção do eu poético de valorização da objetividade e da razão na construção do poema. O emprego de vocábulos de origem científica – “moléculas”, “psicogenética” –, recurso que impossibilita a criação de imagens poéticas capazes de transcender o sentido literal e de ganhar essência de mistério, comprova a carência de elementos próprios da arte literária na poesia de Augusto dos Anjos.
04) Augusto dos Anjos foi o poeta do amor e da volúpia. Cantou a paixão e o desejo erótico em versos que revelam intensa compulsão sexual. Essa concepção sobre o prazer e o sentimento amoroso pode ser observada nos versos do poema “Queixas noturnas”: “As minhas roupas, quero até rompê-las!/ Quero, arrancado das prisões carnais,/ Viver na luz dos astros imortais,/ Abraçado com todas as estrelas!” (Eu e outras poesias, São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 113).
08) O tema da morte e da consequente decomposição da matéria, presente nos versos de “Budismo moderno” – “Dissolva-se, portanto, minha vida/ Igualmente a uma célula caída/ Na aberração de um óvulo infecundo” (Eu e outras poesias, São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 59) –, pode ser associado tanto à angústia gerada por problemas pessoais quanto às dúvidas e às incertezas frente a um mundo que se desintegrava diante da ameaça de um conflito mundial.
16) Os versos do soneto “O deus-verme” – “Ah! Para ele é que a carne podre fica,/ E no inventário da matéria rica/ Cabe aos seus filhos a maior porção – refletem a postura pessimista do poeta, para quem os elementos vitais – carne, sangue, órgãos – conduzem o homem implacavelmente à morte, ao Mal e ao Nada.
Vocabulário:
- Embriológico: relativo ao desenvolvimento do embrião.
- Sinergia: ação associada a dois ou mais órgãos, ou elementos anatômicos, ou ainda biológicos.
- Morfogênese: desenvolvimento das formas e das estruturas características de uma espécie a partir do embrião.