SOMATÓRIA
Moquear: assar ou tostar em uma espécie de grelha de paus apropriada para preparar carne ou peixe.
01) O conto “O colocador de pronomes”, ambientado na segunda metade do século XIX, ocupa-se da história de Aldrovando Cantagalo, um professor de gramática, obcecado por detectar erros de colocação pronominal nos jornais da época.
02) No que diz respeito à linguagem, o narrador do conto “O colocador de pronomes” utiliza, em uma espécie de estratégia narrativa, dois estilos diferentes. Um, bem ao gosto de alguns escritores pré-modernistas, como Lima Barreto, apresenta-se próximo ao falar culto urbano, coloquial e desafetado; o outro, grandiloqüente, é marcado pelo rebuscamento e pelo purismo da língua e se aproxima do modo de falar do protagonista Aldrovando Cantagalo.
04) Dentre as funções assumidas pelo narrador do conto “O colocador de pronomes” está a de contar, ou de documentar, a história de vida de Aldrovando Cantagalo, a fim de que ele possa, um dia, ser canonizado como o primeiro santo da gramática, o mártir da colocação pronominal.
08) O conto “Bugio moqueado” é construído a partir da estratégia da narrativa enquadrada, ou seja, a da história dentro de outra história. A primeira história focaliza um jogo de pelota em que o narrador do conto se interessa pela conversa de dois outros torcedores, tendo em vista a admiração e o espanto demonstrado por um deles em relação ao que o outro contava. A segunda história é a principal e gira em torno da morte de um rapaz, a rabo de tatu, depois moqueado e comido por uma mulher.
16) O conto “Bugio moqueado” é narrado em primeira pessoa por um narrador testemunha que confere ao texto um tom de brincadeira e de descontração, visivelmente contrastante com a matéria narrada. O leitor, em determinada altura da narrativa, é levado a crer que se trata de uma espécie de brincadeira ou de piada, quando, na verdade, trata-se de uma história de violência e de sadismo.