Questão
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
2006
2ª Fase
SOMATORIOLavoura3280c11b750
Discursiva
SOMATÓRIO

Lavoura arcaica, romance de Raduan Nassar, tem sido aclamado pela crítica e pelos leitores como obra-prima da literatura brasileira contemporânea. Sobre essa obra, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

(001) Apresenta procedimentos híbridos de construção, podendo ser classificado como “prosa poética” ou “romance lírico”; um exemplo desse hibridismo encontra-se na passagem abaixo, na qual se pode ver a utilização de recursos sonoros próprios de um poema:

 “(...) quanta sonolência, quanto torpor, quanto pesadelo nessa adolescência!... que lousa branca, que pó anêmico, que campo calado, que copos-de-leite, que ciprestes mais altos, que lamentos mais longos, que elegias mais múltiplas plangendo meu corpo adolescente!”

(002) A luta de André contra a tradição familiar e cultural, concretizada na crítica aos sermões do pai, expõe o jogo de forças contraditórias a que se submete o homem em meio à sociedade, seus desejos e limites, que determinam o caos e a ordem, a vida e a morte.

(004) Para André, o retorno à casa paterna significa a vitória do poder econômico uma vez que, voltando, poderia defrontar-se com o irmão mais velho, Pedro, e disputar a direção da propriedade familiar, objeto de discórdia entre os irmãos e que provocara o seu afastamento.

(008) André convence Ana a aceitar a situação incestuosa e, a partir de então, estabelecem um pacto para continuar se encontrando; quem dá as coordenadas desse pacto é André, como se pode ler no trecho abaixo:

“(...) como vítimas da ordem, insisto em que não temos outra escolha, se quisermos escapar ao fogo deste conflito: forjamos tranqüilamente nossas máscaras, desenhando uma ponta de escárnio na borra rubra que faz a boca; e, como resposta à direção de anverso e reverso, apelemos inclusive para o deboche (...)”

(016) O tempo é o elemento estruturador da narrativa, seja através da memória e da tradição, como se pode ler no provérbio “que o gado sempre vai ao poço”, última frase do romance, mas que aparece também no capítulo 9; seja por sua inexorabilidade, que transforma toda ação em destino – “Maktub” (Está escrito).