Questão
Universidade de Taubaté - UNITAU
2015
1ª Fase
Sabia-1968-e-canca2022fbc09fc
Sabiá, de 1968, é uma canção escrita por Chico Buarque com música de Tom Jobim. Em setembro de 1968, a música foi apresentada no III Festival Internacional da Canção. Embora o público preferisse Pra não dizer que não falei de flores (que ficou conhecida como Caminhando), de Geraldo Vandré, Sabiá foi a canção premiada, mesmo criticada por sua pretensa "desvinculação da realidade nacional", embora outros a examinassem como uma nova e premonitória Canção do Exílio.

Sabiá

Vou voltar 
Sei que ainda vou voltar 
Para o meu lugar 
Foi lá e é ainda lá 
Que eu hei de ouvir cantar 
Uma sabiá
Vou voltar 
Sei que ainda vou voltar 
Vou deitar à sombra 
De um palmeira 
Que já não há Colher a flor 
Que já não dá E algum amor 
Talvez possa espantar 
As noites que eu não queira 
E anunciar o dia
Vou voltar 
Sei que ainda vou voltar 
Não vai ser em vão 
Que fiz tantos planos 
De me enganar 
Como fiz enganos 
De me encontrar 
Como fiz estradas 
De me perder 
Fiz de tudo e nada 
De te esquecer 
Vou voltar 
Sei que ainda vou voltar 
E é pra ficar 
Sei que o amor existe 
Não sou mais triste 
E a nova vida já vai chegar 
E a solidão vai se acabar 
E a solidão vai se acabar.

Chico Buarque

Sobre a relação entre a canção Sabiá e a crítica política de Chico Buarque, é possível afirmar:
A
Sabiá é vista como retrato de uma pátria configurada pela carência e foi premiada no Festival pela relação que se estabeleceu entre sua letra e a situação do
nordeste brasileiro.
B
Quando a música foi composta, Chico ainda não estava em exílio e, por isso, não teria condições de analisar, nem de criticar, a situação política brasileira naquele momento.
C
Não há, de fato, como apontam muitos críticos, nenhuma alusão ao regime militar na letra da música, que foi escolhida para ser premiada no festival para
abafar a crítica explícita em Pra não dizer que não falei de flores.
D
A tristeza expressa na canção refere-se exclusivamente ao sentimento dos compositores em relação a seus relacionamentos amorosos.
E
Ao contrário da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, "a flor que já não dá" representa uma nação esvaziada. Chico remete à ideia de que "somos uns desterrados em nossa própria terra", descrição de uma realidade contundente e dolorosa imposta pelo regime militar.