— “Saiba vosmecê que saí ind`hoje da Serra, que vim, sem parar, essas seis léguas, expresso direto pra mor de lhe perguntar a pergunta, pelo claro...”
Se sério, se era. Transiu-se-me.
— “Lá, e por estes meios de caminho, tem nenhum ninguém ciente, nem tem o legítimo — o livro que aprende as palavras...
É gente pra informação torta, por se fingirem de menos ignorâncias... Só se o padre, no São Ão, capaz, mas com padres não me dou: eles logo engambelam... A bem. Agora, se me faz mercê, vosmecê me fale, no pau da peroba, no aperfeiçoado: o que é que é, o que já lhe perguntei?”
Se simples. Se digo. Transfoi-se-me. Esses trizes:
— Famigerado?
— “Sim senhor...” — e, alto, repetiu, vezes, o termo, enfim nos vermelhões da raiva, sua voz fora de foco. E já me olhava, interpelador, intimativo — apertava-me.
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 395.
Contextualizando o fragmento na obra, explique como a limitação vocabular poderia gerar uma situação de conflito e como isso é resolvido na narrativa.