[...]
Saio da minha cabana
sem reparar no que faço;
busco o sítio aonde moras,
suspendo defronte o passo.
Fito os olhos na janela;
aonde, Marília bela,
tu chegas ao fim do dia;
se alguém passa e te saúda,
bem que seja cortesia,
se acende na face a cor.
Que efeitos são os que sinto?
Serão efeitos de Amor?
Se estou, Marília, contigo,
não tenho um leve cuidado;
nem me lembra se são horas
de levar à fonte o gado.
Se vivo de ti distante,
ao minuto, ao breve instante
finge um dia o meu desgosto;
jamais, Pastora, te vejo
que em teu semblante composto
não veja graça maior.
Que efeitos são os que sinto?
Serão efeitos de Amor?
[...]
GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: Ediouro, [199-?]. (Prestígio). Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000301.pdf >. Acesso em: 20 abr. 2022.
O excerto apresentado foi extraído da obra “Marília de Dirceu”, escrita por Tomás Antônio Gonzaga, principal poeta do Arcadismo no Brasil. Acerca do Movimento Árcade na literatura e considerando a leitura do excerto, marque com V. ou com F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as alternativas a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) Vários poetas do Arcadismo brasileiro estavam ligados ao movimento separatista, que ficou conhecido como Inconfidência Mineira, e seguiam os ideais do Iluminismo.
( ) Em Marília de Dirceu, há o culto à vida pastoril, visto que, na visão dos poetas árcades, o ideal de felicidade consistia na integração entre homem e natureza.
( ) O culto à natureza e a uma vida simples surge no contexto do Arcadismo como uma resposta ao caos gerado nas novas cidades a partir da desregrada urbanização provocada pela 1ª Revolução Industrial.
( ) Marília de Dirceu enquadra-se como uma poesia sacro-amorosa em que o eu lírico expressa um sentimento de amor arrebatador que o faz perder a razão.
( ) Em contraposição à rebuscada estética barroca, o Arcadismo prega o uso de uma linguagem mais simples e a liberdade formal a partir do uso de versos brancos e livres.