Segundo Agostinho de Hipona (354-430), “não aprendemos pelas palavras que repercutem exteriormente, mas pelaverdade que ensina interiormente”. Tal pensamento ficou conhecido como a doutrina do mestre interior. Leia a história em quadrinhos e o texto abaixo e responda o que se pede.


Para Agostinho, a utilidade da linguagem não é pequena, certamente; mas nos enganamos quanto ao seu verdadeiro papel. Damos a alguns homens o nome de “mestres” porque eles falam e geralmente transcorre um tempo imperceptível ou nulo entre o momento em que eles falam e o momento em que nós os compreendemos. Aprendemos interiormente tão logo suas palavras tenham sido pronunciadas exteriormente; por isso concluímos que esses mestres tenham nos instruído. [...] Na realidade, os mestres apenas expõem, com a ajuda de palavras, as disciplinas que eles professam ensinar; em seguida, aqueles que se nomeiam “alunos” examinam em si mesmos se o que os professores dizem é verdade. O mestre verdadeiro é a Verdade, e é como origem da concórdia entre os espíritos que Deus recebe o título de “mestre interior”. Para tudo o que aprendemos temos apenas um mestre: a verdade interior que reside na alma, ou seja, Cristo, virtude imutável e sabedoria eterna de Deus.
GILSON, E. Introdução ao estudo de Santo Agostinho. São Paulo: Paulus, 2008, p. 153-154.
1) Sobre a doutrina do mestre interior de Agostinho, responda:
A) Como aprendemos a verdade?
B) Qual o papel da linguagem no “aprendizado”?
2) Relacione o mal-entendido entre Mafalda e Filipe (no quadrinho acima) com o pensamento agostiniano sobre a relação mestre/aluno.