Questão
Instituto de Ensino e Pesquisa - INSPER
2014
Fase Única
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Sempre desconfiei

Sempre desconfiei de narrativas de sonhos. Se já nos é difícil recordar o que vimos despertos e de olhos bem abertos, imagine-se o que não será das coisas que vimos dormindo e de olhos fechados... Com esse pouco que nos resta, fazemos reconstituições suspeitamente lógicas e pomos enredo, sem querer, nas ocasionais variações de um calidoscópio. Me lembro de que, quando menino, minha gente acusava-me de inventar os sonhos. O que me deixava indignado.

Hoje creio que ambas as partes tínhamos razão. Por outro lado, o que mais espantoso há nos sonhos é que não nos espantamos de nada. Sonhas, por exemplo, que estás a conversar com o tio Juca. De repente, te lembras de que ele já morreu. E daí? A conversa continua. 

Com toda a naturalidade.

Já imaginaste que bom se pudesses manter essa imperturbável serenidade na vida propriamente dita?

(Mario Quintana, A vaca e o hipogrifo. São Paulo: Globo,1995)


Infere-se que a principal justificativa para a expressão contida no título e no primeiro período do texto é:
A
Na reconstituição dos sonhos, a mente reorganiza de maneira coerente o que se consegue lembrar.
B
Habitualmente, os sonhos apenas refletem a incoerência dos fatos naturais da vida.
C
Tal como na montagem de um quadro com peças soltas e sem sentido, os sonhos são ilógicos.
D
Os adultos não encaram com seriedade os sonhos das crianças, mesmo quando esses são coerentes.
E
Sendo incapaz de recordar os sonhos, a mente humana inventa histórias fantasiosas.