Clarimundo volta à realidade. Seus olhos, porém, continuam vazios. Ele não sabe nem quer saber quem é João Benévolo. Essas coisas triviais da vida não têm para ele existência real. O que importa é cumprir o horário, dar as lições honestamente, compreender Einstein e levar para diante aquele projeto grandioso de escrever o livro em que o habitante culto de Sírio vai descrever a Terra e a vida vistas do seu ângulo. O mais...
– Não acha que tenho razão?
O professor faz um sinal afirmativo. A viúva Mendonça pede desculpas por ter incomodado o seu hóspede. Se todos fossem como ele, homem quieto, sério, bom pagador...
– Então boa noite, professor.
– Boa noite. E obrigado.
A mulher se vai. Clarimundo fecha a porta e atira-se, esquecendo o leite e o bolo, sobre Einstein.
VERISSIMO, Erico. Caminhos cruzados. São Paulo: Companhia de Bolso, 2016 (p. 125).
O excêntrico professor Clarimundo revela uma personalidade a qual