Sôbolos rios que vão
*Sôbolos rios que vão
por Babilónia, m'achei,
onde sentado chorei
as lembranças de Sião
e quanto nela passei.
Ali o rio corrente
de meus olhos foi manado,
e tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.
Ali, lembranças contentes
n'alma se representaram,
e minhas cousas ausentes
se fizeram tão presentes
como se nunca passaram.
Ali, despois de acordado,
co rosto banhado em água,
deste sonho imaginado,
vi que todo o bem passado
não é gosto, mas é mágoa.
*Sôbolos: forma arcaica de contração de “sobre os”. (Camões)
Pretende o poeta moderar o excessivo sentimento de Vasco de Sousa Paredes na morte da dita sua filha
Sôbolos rios, sôbolas torrentes
De Babilônia o Povo ali oprimido
Cantava ausente, triste, e afligido
Memórias de Sião, que tem presentes.
Sôbolas do Caípe águas correntes
Um peito melancólico, e sentido
Um anjo chora em cinzas reduzido,
Que são bens reputados sobre ausentes.
Para que é mais idade, ou mais um ano,
Em quem por privilégio, e natureza
Nasceu flor, a quem um sol faz tanto dano?
Vossa prudência pois em tal dureza
Não sinta a dor, e tome o desengano
Que um dia é eternidade da beleza.
(Gregório de Matos, Poemas Escolhidos)
A hipérbato é uma figura de sintaxe que consiste em inverter a ordem natural dos termos em uma frase. Em alguns casos, tal inversão provoca estranhamento porque parece contrariar as regras gramaticais. Em qual dos versos abaixo, observa-se um hipérbato que provoca esse tipo de impressão?