Questão
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
2014
2ª Fase
Soluca-urbanaNo-tempo42488f65c4c
Discursiva
Solução urbana

No tempo de Jack, o Estripador, uma época difícil para Londres, também vivia na capital britânica um afável estenógrafo chamado Ebenezer Howard – e ele merece ser lembrado porque acabou tendo um impacto significativo e duradouro no modo como pensamos as cidades.

Calvo, com bigode farto que lhe cobria a boca e óculos de armação metálica, Howard tinha o ar distraído de um sonhador. E não estava nada contente com seu trabalho, que era o de transcrever discursos parlamentares. Sua inquietação levou-o a investigar o espiritismo, aprender o esperanto, língua que acabara de ser criada, e inventar uma máquina de taquigrafia. Além disso, sonhava com imóveis. Em carta de 1885 à esposa, ele afirma que o melhor para a família deles seria uma casa com “um jardim muito agradável e talvez até uma quadra de tênis”. Após gerar quatro filhos ao longo de seis anos enquanto morava em uma apertada casa alugada, Howard concebeu um plano para despovoar Londres.

Na década de 1880, Londres, que passava por um surto de crescimento, estava repleta de gente bem mais desesperada que Howard. Jack, o estripador, escolhia suas vítimas em cortiços nos quais as condições de vida eram medonhas. Tais cortiços eram conhecidos na época vitoriana como “viveiros”, ou colônias de reprodução de animais.

O planejamento urbano no século 20 teve como base essa percepção negativa, herdada do século anterior. E curiosamente, ele começou com Ebenezer Howard. Em um livreto que publicou em 1898, o estenógrafo decidiu expor suas sugestões de como deveria viver a humanidade – apresentando uma concepção mais atraente com base na qual, meio século depois, o americano Lewis Mumford, um importante crítico de arquitetura, considerou ter sido Howard quem lançou “os fundamentos de um novo ciclo da civilização urbana”. Para Howard, era preciso interromper a onda de crescimento urbano, incentivando as pessoas a sair das metrópoles cancerosas e se mudar para novas e autônomas “cidades-jardins”.

Howard estava certo a respeito do desejo humano de se viver em condições menos apinhadas, mas se equivocou quanto ao futuro das cidades: no fim, o que prevaleceu por todo o planeta foi mesmo a onda de urbanização, mas vista com bons olhos.
 
KUNZIG, Robert. Solução urbana. National Geographic Brasil. São Paulo: Editora Abril. Edição Especial Cidades inteligentes (159-A), fev., 2014. p. 32-51. (Fragmento adaptado)

O texto apresentado é uma reportagem cujo tema central é a ascensão das cidades. Trata-se, portanto, de um texto de natureza predominantemente expositiva. Entretanto, conforme é possível observar, há um grande número de sequências textuais narrativas e descritivas.

Considerando esse fato,

A) transcreva do texto uma sequência textual narrativa e uma sequência textual descritiva, explicando o que caracteriza cada uma delas.

B) explique qual é a função da presença maciça de sequências textuais narrativas em um texto de natureza expositiva.