Sou uma preta (Kojo)
Segundo meus professores,
Agora sou uma afro-americana
Eles me tiram do meu nome.
PRETA é um guarda-chuva aberto.
Sou uma Preta e Uma Preta para sempre.
Sou uma dos Pretos.
Estamos aqui, estamos lá.
Acontecemos no Brasil, na Nigéria, Gana,
em Botsuana, Tanzânia, no Quênia,
na Rússia, Austrália, no Haiti e Soweto,
em Granada, em Cuba, no Panamá, Líbia
na Inglaterra e Itália, França.
(...)
Sou Kojo. No oeste da África, Kojo
significa inconquistável. Meus pais
me deram um nome no meu sétimo dia de vida
No espírito Preto, na fé Preta, na comunhão Preta.
Sou kojo. Sou Uma Preta.
E capitalizo meu nome.
Não me tirem o meu nome
GWENDOLYN BROOKS PRATES, Lubi (Org.). Você lembrará seus nomes: uma antologia de poetas negras dos Estados Unidos no século XX. Tradução de Maria C. Santos. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2023
Gwendolyn Brooks (1917-2000) foi poeta, escritora e ativista dos direitos civis nos E.U.A. Em 1968, participou de ações de protesto por ocasião do assassinato de Martin Luther King. Em seu poema, ela critica a designação “afro-americana”, que recebe de professores.
Essa crítica se baseia no reconhecimento da seguinte característica de sua identidade: