TEXTO 01
BOBO PLIN – Pára com isso, Menelão. Eu não estou ligado em dinheiro, sexo, que você chama de amor, poder, sucesso. Não estou mesmo. (Solta Menelão.)
MENELÃO – Sucesso, sei que não tá mesmo. Há muito tempo que não faz. Mas, se não é dinheiro, mulher... digo, sexo, ou poder...
BOBO PLIN – Não, não, não. Mil e uma vezes não. Claro que eu preciso ter um ganho. Isso é bíblico: todo trabalhador tem direito a um salário. Mas, entenda, Menelão...
MENELÃO – Já entendi.
BOBO PLIN – Entendeu o quê?
MENELÃO – Você é louco, mas não rasga dinheiro. Não sai nu na rua.
BOBO PLIN – O que eu quero é ter prazer no trabalho que faço. Entendeu agora?
MENELÃO – Não, não entendi. Não entendi nada. Nada de neca. Neca de pitibiriba. Mas é sempre assim. Você fala, fala, fala e eu não entendo.
BOBO PLIN (Ri triste e fala paciente.) – Estou querendo dizer que não gosto do que faço. Não me dá prazer meu trabalho. Não sinto prazer. Alegria. Tesão. Não tenho mais ânimo para noite após noite, espetáculo após espetáculo, repetir as mesmas gagues, as mesmas pantominas, as mesmas burletas sem nexo. Função após função, eu ali no meio da pista me repetindo, me repetindo, me repetindo... E essa repetição embrutece, essa repetição vai me transformando num bufão privado dos sentidos, num histrião mecânico, num débil palhaço... (Suplicante.) Menelão, eu não quero ser Bobo Plin, o lamentável palhaço sem alma.
[...]
MENELÃO (explodindo) – Chega! Mentiroso. Você fala, fala, fala e eu não entendo. Você não fala e eu percebo tudo. Você veio com esse papo de alma. Não vou negar, me deixou transtornado. Eu... bom... Aí, você entrou no picadeiro e... Grande novidade! Fez como um Tôni-soarê. Fez tudo direitinho. Contou piadas, piadas indecentes, pornográficas, porcas. (Pausa.) E o público riu. (Repara nas expressões de Bobo Plin.) Riu. Riu, sim. Riu que re-riu, ri-riu. E você diz que o público não riu. Que não fez sucesso. Que não é isso que você quer. Então o que você quer, Bobo Plin? O que é que você quer?
BOBO PLIN – Eu não sei o que eu quero.
MENELÃO (Respira fundo.) – Já é um começo. Eu sei o que quero. Então eu dirijo o espetáculo.
BOBO PLIN – Mas eu sei o que eu não quero.
(MARCOS, Plínio. Balada de um palhaço. Edição do Autor, 1986. p. 10 e 30.)
Uma cama elástica armada no picadeiro de um circo pode arremessar o centro de massa de um artista circense de 80 kg a uma distância de 5 metros do solo. Considerando g = 10 m/s² e desprezando a altura da cama elástica, o módulo da variação da energia potencial do sistema Terra-artista, nesse lançamento, é de (marque a alternativa correta)