TEXTO 01
BOBO PLIN (cantando)
Estrelas, estrelas,
estrelas, estrelas,
no firmamento
azul do céu
infinito céu azul.
Estrelas, estrelas,
mil e uma estrelas,
uma em mil,
uma em mil,
uma em mil habitada.
Será? Será? Será?
Será? Será? Será?
Que só nós
no planeta Terra? Será?
Nenhum reflexo mágico
na cara dos palhaços,
no pálido alvaiade,
na noite de carvão,
nos campos de carmim,
o sangue derramado,
o deboche vermelhão
em olhos raiados
dos sonolentos sonhadores,
mortos matadores,
obedientes aos seus senhores,
a dormir, comer, trabalhar,
trabalhar, comer, dormir,
trabalhar, trabalhar, trabalhar (BIS)
E o ponto magnético,
a estrela mais brilhante
no céu azul,
na roupa de cetim
do histrião mecânico
que sem arrependimento,
falador, falastrão, bufão,
matraca constante,
arauto da ilusão
apregoou triunfante,
apregoou triunfante
as vantagens
de dormir, comer, trabalhar,
trabalhar, comer, dormir,
trabalhar, trabalhar, trabalhar (BIS)
na segurança do contrato.
com a doença,
com a velhice,
com a morte.
Trabalhar, trabalhar, trabalhar.
Estrelas, estrelas
estrelas, estrelas
mil e uma
uma em mil.
Será? Será? Será? Será?...
(Pausa. Menelão agarra Bobo Plin e o sacode.)
[...]
BOBO PLIN —
Ó Ideal,
que estás no meu céu interior,
verdade viva
que faz minha alma
imortal,
para que tua tendência
evolutiva
seja realizada,
para que teu nome
se afirme pelo trabalho,
para que tua revelação
seja manifestada a cada
espetáculo,
a cada espetáculo concede-me
a idéia criadora,
que assim como ela está
entendida no meu coração
seja entendida no meu corpo.
Ó Ideal,
preserva-me dos reflexos
da matéria,
que eu compreenda
que o sofrimento benfeitor
está na origem da minha
encarnação.
Livra-me do desespero
e que teu nome seja
santificado
pela minha coragem
na prova.
Ó Ideal,
faze com que eu
não diferencie
o fracasso do sucesso.
E perdoa a minha
dificuldade de comunicação,
assim como eu perdôo
os que não têm ouvidos
de ouvir
nem olhos de ver.
Ó Ideal.
Destrói meu orgulho,
que poderia afastar-me
da tua luz-guia,
nutre meu devotamento,
porque és,
Ó Ideal,
a realeza, o equilíbrio, a força
da minha intuição.
(MARCOS, Plínio. Balada de um palhaço. Edição do Autor, 1986. p. 42-44.)