TEXTO 1
Como formular o problema da arte contemporânea — por meio de um manifesto? De um lamento? Minha intenção nestas notas é mais modesta. Gostaria de refletir a respeito do que é essa arte e quais “ideias de arte” ela implica ou inventa. Espero assim formular melhor as questões com as quais a arte contemporânea nos confronta. Interessa-me acima de tudo elaborar mais detalhadamente o problema mais amplo das “ideias de arte” e das “ideias nas artes”. Ele faz parte daquilo que chamo de “a reestetização do pensar” ou a reinvenção do pensamento nas artes. A filosofia oferece muitos exemplos das relações entre pensamento e arte; creio ser necessário, no entanto, evitar dois extremos na formulação desse problema: a relação “didática”, pela qual a arte simplesmente ilustra dada teoria, e a relação “romântica”, pela qual a arte se torna refúgio de algo que não pode ser pensado de forma alguma. Precisamos dar mais atenção a como os artistas realmente pensam nas e com as artes — as novas ideias que lhes ocorrem, incluindo novas “ideias de arte” ou ideias a respeito de suas atividades, de seus próprios materiais ou instituições —, e depois a como essas ideias se enquadram em campos mais amplos, que envolvem muitos outros discursos: as ciências, a política e até a própria filosofia.
RAJCHMAN, John. O pensamento na arte contemporânea. Novos estudos CEBRAP [on-line]. n. 91, p. 97-106. 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-33002011000300005. Acesso em: 10 set. 2021.
TEXTO 2
2 Na arte contemporânea, a transgressão mais importante dos critérios comuns usados para definir a arte é que a obra de arte já não consiste exclusivamente no objeto proposto pelo artista, mas em todo o conjunto de operações, ações, interpretações etc. provocadas por sua proposição.
3 A transgressão dos limites da arte significa também o emprego de novos tipos de materiais ou modos de apresentação. Instalações, performances, land art, arte corporal, vídeo, fotografias em cores em grande escala, multimídia e arte cibernética fazem parte do vocabulário básico do artista contemporâneo. Esta é outra grande diferença em relação à arte clássica e moderna, pois durante séculos, até o início da década de 1960, as artes visuais eram produzidas com um pequeno número de materiais bem definidos: óleo, pastel, aquarela, lápis, carvão, água-forte; papel, tela, gesso, madeira ou pedra, argila, madeira, bronze... Agora, tudo mudou. Mesmo sem ver a obra, você consegue adivinhar que se trata de arte contemporânea apenas lendo sua descrição, como: "latão", "feltro e graxa", "telas de TV", "corais e pão", "módulos acústicos", ou, em termos mais amplos, "materiais variados" ou "dimensões variáveis".
HEINICH, Nathalie. Práticas da Arte Contemporânea: uma abordagem pragmática a um novo paradigma artístico. v.4, n.2. p. 373-390. 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2238-38752014v424. Acesso em: 21 ago. 2021. Adaptado.
Com relação aos Textos 1 e 2, está correta a alternativa