Questão
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RJ
2006
Fase Única
TEXTO-2Ao-estudar2940dc25ef3
Discursiva
TEXTO 2

Ao estudar a língua dos Hopi, no que hoje é o Arizona, Whorf observou que ela era privada de estruturas temporais. Os verbos, por exemplo, não tinham formas para designar eventos no passado. Mesmo as metáforas lingüísticas que criassem uma conexão entre espaço e tempo – como “a certo ponto” ou “um longo período de tempo” – inexistiam. Essa característica exercia efeitos decisivos sobre o pensamento dos índios: seria responsável por uma visão de mundo “atemporal”.

Essa tese da atemporalidade, porém, foi refutada. O lingüista Ekkehart Malotki descreveu em Hopi time as nuanças com que a língua consegue descrever o tempo. Há mais de 200 expressões hopi para o tempo – (...) como ontem, hoje, cedo ou tarde, passando por períodos do dia, meses e estações do ano até um diferenciado sistema de suplementos verbais que permitem a descrição precisa de um curso de eventos. Porém, com sua visão errônea da língua Hopi, Whorf ironicamente proveu a melhor prova para a hipótese da relatividade lingüística. Provavelmente ele não descobriu as diversas definições de tempo porque procedeu sua análise a partir da visão de mundo e com as expectativas de um falante europeu.

JÄGER, Ludwig. A palavra cria o mundo. In: Viver. Mente e Cérebro, Agosto, 2005, ano XIII, nº 151, p. 51.

a) De acordo com a leitura dos textos 1 e 2, qual é o “melhor modo de analisar a racionalidade de uma cultura diferente da nossa”?

b) Na língua portuguesa, as formas verbais expressam, entre outras coisas, o “curso de eventos” no tempo. No primeiro parágrafo do texto 2, o futuro do pretérito tem outro emprego. Transcreva essa forma verbal, indicando seu emprego.

c) Reescreva o trecho “Provavelmente ele não descobriu as diversas definições de tempo”, substituindo “provavelmente” por “é provável”. Faça todas as alterações necessárias.