TEXTO 2
Democracia, educação e leitura
Enquanto regime político, a democracia implica uma modalidade de funcionamento do Estado, segundo a qual este governa por intermédio de consultas periódicas à população civil. A participação de todos é o princípio básico de seu desempenho; contudo, a participação direta raramente acontece, pois nem todos efetivamente colaboram: excluem-se as crianças, os presos, os inválidos mentais e, até pouco tempo, os analfabetos, numerosos no Brasil. Há um horizonte de excepcionalidade que congrega aqueles que, por lei, não podem ser consultados. Por sua vez, essa condição é mutável e transitória, sobretudo no que diz respeito às crianças e aos analfabetos. Ao crescerem e ao serem alfabetizados, a democracia deixa de ser um bem inacessível (a não ser que seja inacessível para todos), apresentando-se como um sistema alcançável e exeqüível.
A entidade que assegura a integração a um governo de participação popular é a escola; e, segundo sua organização, é a alfabetização que se constitui na alavanca que aciona a aprendizagem como um todo. Logo, é a mudança do indivíduo em leitor que, do ângulo individual, oferece o requisito primeiro para a atuação política numa sociedade democrática. Para além desse fato, há a exigência, óbvia e irrestrita, de que a sociedade seja autenticamente democrática, e não apenas se autoproclame como tal.
O fato enunciado, que coloca a escola e a prática da leitura no miolo do funcionamento de uma sociedade que almeja a mais ampla participação popular, não significa mera coincidência. Com efeito, desde a revitalização, a partir do século XVIII, dos princípios liberais, que sustentam um sistema de governo que se deseja democrático, assiste-se, simultânea ou conseqüentemente, ao incentivo à alfabetização generalizada da população.
Ou seja, historicamente, a leitura traz embutida em si uma orientação democrática.
(Regina Zilberman. A leitura e o ensino da literatura. São Paulo: Contexto. 1991, p. 21. Adaptado).
No penúltimo parágrafo do texto, lê-se: ”Para além desse fato, há a exigência, óbvia e irrestrita, de que a sociedade seja autenticamente democrática, e não apenas se autoproclame como tal”. O segmento sublinhado indica que:
1) será feita uma reformulação do que foi dito no segmento anterior.
2) será acrescentado mais um argumento em favor de uma conclusão.
3) será apresentado um argumento que é conseqüência de outro.
Está(ão) corretas: