Questão
Universidade de Pernambuco - UPE
2010
Fase Única
TEXTO-BEufemismo408efc2b78f
TEXTO B

Eufemismo e classe social

Entende-se por eufemismo a figura de linguagem que atenua a dureza de alguma afirmação. Por isso, muitos a chamam de “a linguagem dos educados”, uma vez que, em geral, se constitui falta de educação e de sensibilidade o emprego de determinados vocábulos que certamente causarão dissabores aos envolvidos num processo de comunicação, em determinadas circunstâncias.

Contudo, se refletirmos sobre nossa atual realidade, perceberemos que tal figura de linguagem tem sido constantemente utilizada para fazer uma preconceituosa separação entre classes sociais deste país repleto de desigualdades.

Abro parênteses apenas para comentar que preconceitos na língua portuguesa existem e precisam ser combatidos. Um bom exemplo de preconceito social refletido na forma de falar é o do personagem Chico Bento, de Maurício de Sousa. A este personagem são atribuídos valores de linguagem diferentes, se os compararmos aos dos demais personagens, apenas por ele retratar uma criança que mora no interior.

Não é difícil constatar preconceitos sociais através do emprego vocabular de muitas pessoas. Ora, por que os veículos de comunicação em geral usam expressões diferenciadas para referir-se, por exemplo, ao ato de roubar? Não há como discordar que as expressões “roubo” e “desvio de verbas” têm, praticamente, o mesmo valor semântico, mas causam impactos totalmente diferentes.

Se nos questionarmos sobre o porquê da diferença vocabular no tratamento de pessoas com escolaridades ou contas bancárias menores às de outros, identificaremos eufemismos utilizados de maneira a evidenciar muitos preconceitos de ordem social. Através de um olhar mais atento a “detalhes” assim, percebe-se que o eufemismo não é usado apenas por pessoas educadas mas também por pessoas que alimentam preconceitos sociais, infelizmente.

Identificar tais preconceitos abre caminho para discussões e reflexões construtivas sobre as concepções subjacentes à forma como rotulamos as pessoas e as distribuímos em grupos e classes sociais diferentes. A prática do respeito indiscriminado supõe a superação de preconceitos que os eufemismos estrategicamente escondem.

http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=1495, com adaptações).

No texto B, o leitor poderá encontrar respostas às seguintes perguntas:

I. Qual a classe social em que têm origem os chamados eufemismos e onde, consequentemente, cresce o uso de tais expressões?

II. Pode a linguagem comum prestar-se a criar ou reforçar percepções discriminatórias da realidade?

III. Existem estratégias verbais que representam, socialmente, o uso cortês ou o uso polido da língua?

IV. Duas expressões linguísticas podem corresponder ao mesmo valor semântico, mas provocarem repercussões sociais distintas?

V. Quais as desigualdades sociais que mais diretamente afetam o nível de escolarização da população brasileira?

O Texto B traz respostas apenas às perguntas feitas na alternativa:
A
II, III e IV.
B
I e III.
C
I, II, III e IV.
D
I, II e V.
E
III, IV e V.