TEXTO C
(Por Marcílio Godoi)

“Meu querido Manoel, hoje és, e não te ofenderás com a metáfora, és uma propriedade minha. És uma fazenda que eu comprei. Comprei com minha alma... Creio poder passear, de pijama, com a simplicidade desvestida dos meus sentimentos nos carreadouros do meu cafezal.”
(De Mário de Andrade a Manuel Bandeira)
Mário Raul de Morais Andrade estava presente no lançamento do Modernismo, no famoso banquete do Trianon, em 1921. Na ocasião, foi apresentado ao público por Oswad de Andrade como “meu poeta futurista”. Essa sua face, das revistas Klaxon, Ariel e Nova, do Mário que publicaria depois obras antológicas como Losango Cáqui e Paulicéia Desvairada, em poesia; e Amar, Verbo intransitivo e Macunaíma, em prosa, é só a mais conhecida dele. Mário de Andrade são vários, todos aficionados pela cultura brasileira. A saborosa correspondência andradiana a amigos, como Portinari, Bandeira e Drummond, é a melhor forma de conhecê-lo: seus dilemas, sua ideia do Brasil, sua rixa com o Rio de Janeiro, sua tristeza com o Estado Novo, ele que era um Constitucionalista. Um enfarte o levaria em 1945. Talvez ali apenas um deles tenha morrido, pois tantos outros Mários nos ficam até hoje.
(Revista Língua. Ano 3, n.45, julho de 2009, p. 66).
O Texto C – que, além de uma figura, traz também um trecho de uma carta de Mário de Andrade a Manuel Bandeira e um comentário do articulista Marcílio Godoi –, refere dados interessantes de nossa literatura nacional. A partir desse conjunto de informações, é pertinente concluir que
I. o trecho da carta de Mário a Bandeira é essencialmente metafórico. As imagens vão-se articulando, uma a uma, e coerentemente se harmonizam na direção de um “à vontade” sem restrição.
II. a cultura brasileira exercia sobre o Mário poeta um grande fascínio. Contudo, como romancista, Mário se deixou seduzir pelos cenários e tipos da Lusitânia erudita.
III. ‘obras antológicas’, mesmo de cunho literário, são obras que tratam de questões antropológicas e filosóficas.
IV. no texto do articulista, Mário é apresentado como tendo várias faces. A multiplicidade de sua atuação literária e política justifica essa visão. No final, uma face apenas do Mário ‘plural’ não é mais visível.
V. a correspondência epistolar assinada por Mário e endereçada aos amigos é também autobiográfica. Nela se podem perceber revelações da ‘vida andradiana’, em sua dimensão social e política.
As conclusões são aceitáveis apenas nos itens: