Pus o meu sonho num navio

      e o navio em cima do mar;

      – depois, abri o mar com as mãos,

      para o meu sonho naufragar.

5 Minhas mãos ainda estão molhadas

      do azul das ondas entreabertas,

      e a cor que escorre de meus dedos

      colore as areias desertas.

      O vento vem vindo de longe,

10 a noite se curva de frio;

      debaixo da água vai morrendo

      meu sonho, dentro de um navio...

      Chorarei quanto for preciso,

      para fazer com que o mar cresça,

15 e o meu navio chegue ao fundo

      e o meu sonho desapareça.

      Depois, tudo estará perfeito:

      praia lisa, águas ordenadas,

      meus olhos secos como pedras

20 e as minhas duas mãos quebradas.

MEIRELES, Cecília. Viagem. Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958. p. 18.

Marque com V ou com F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as indicações que apresentam aspectos formais do texto

(   ) “molhadas do azul” (v. 5-6) – fusão de sensação táctil com sensação visual.

(   ) “O vento vem vindo de longe” (v. 9) – aliteração repetição de sons vocálicos

(   ) “a noite se curva de frio” (v. 10) – atribuição de características humanas a ente não humano.

(   ) “fazer com que” (v. 14) – construção verbal que indica possibilidade.

(   ) “olhos secos como pedras” (v. 19) – comparação de atributo idêntico de seres distintos.

A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a