TEXTO I
Entre nuvens, colinas e torrente,
uma angústia de amor estremecia
a deserta amplidão na minha frente.
Que vento, que cavalo, que bravia
saudade me arrastava a esse deserto,
me obrigava a adorar o que sofria? (...)
E assim me acenam por todos os lados.
Porque a voz que tiveram ficou presa
na sentença dos homens e dos fados (...)
E são todas as coisas uns momentos
de perdulária fantasmagoria
– Jogo de fugas e aparecimentos (...)
MEIRELES, Cecília. Primeiro Cenário. In: Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015.
TEXTO II
E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia. (...)
ANDRADE, Carlos Drummond de. Máquina do mundo. In: Claro enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
Em ambos os textos, são constatadas principalmente semelhanças no sentido de que: