TEXTO I
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem-comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
BANDEIRA, Manoel. Poética. In: Estrela da vida inteira 20. Ed. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1993. P. 129.
TEXTO II
HELOÍSA ABELARDO I
— Dizem tanta coisa de você, Abelardo...
— Já sei...Os degraus do crime... que desci corajosamente. Sob o silêncio comprado dos jornais e a cegueira da justiça de minha classe! Os espectros do passado... Os homens que trai e assassinei. As mulheres que deixei. Os suicidados... O contrabando e a pilhagem... Todo o arsenal do teatro moralista dos nossos avós. Nada disso me impressiona nem impressiona mais o público... A chave milagrosa da fortuna, uma chave Yale... jogo com ela!
ANDRADE, Oswald de. O rei da vela. Rio de Janeiro: Mediafashion, 2008. P. 35.
Na linguagem dos textos apresentados, verifica-se o emprego de recurso.